Neutralização de Óleos Vegetais (Renato Dorsa - Edição 2.000)

O PROCESSO DE NEUTRALIZAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS

A neutralização alcalina do óleo vegetal consiste em fazer reagirem os ácidos graxos livres, responsáveis pela acidez do óleo, com uma solução de soda cáustica.  Estes ácidos graxos serão então transformados em sabões que serão removidos do óleo neutro por processo físico.  Neste processo consegue-se também uma remoção de fosfatídeos não hidratáveis.

A separação dos sabões, a princípio realizada por simples decantação em tachos, hoje é feita em separadores centrífugos e de forma contínua.

O processo básico (utilizando o óleo de soja como exemplo) consiste em um aquecimento do óleo até cerca de 85°C,  pré-tratamento com ácido fosfórico (85% de concentração) para possibilitar a eliminação dos fosfatídeos remanescentes, a neutralização com soda cáustica diluída (16 a 20° Bé) e a separação dos sabões.

A quantidade de ácido a ser utilizada pode variar entre 0,05 e 0,2%, dependendo da qualidade o óleo de soja (degomado) ou seja, do teor de fósforo residual.

A quantidade de soda a ser dosada é calculada de forma a neutralizar a acidez mineral (do ácido fosfórico), os ácidos graxos livres e ainda de um excesso de soda necessária a formação de eletrólito que favorece a separação dos sabões e evita a formação de emulsões. O excesso de soda pode variar entre 15 a 30% para os óleos de baixa acidez (até 1%) e de 30 a 50% para os óleos de alta acidez.

A mistura de ácido fosfórico assim como a da soda com o óleo é feita em misturadores dinâmicos intensivos de curto tempo de contato.  Para o óleo de soja, onde é desejado um tempo de contato maior, devido à baixa acidez, é utilizado um tanque de contato após o misturador, com permanência de 5 a 7 minutos em agitação lenta.

Com referência ao excesso de soda podemos citar que para um óleo de soja com ~1% de acidez neutralizado com soda cáustica na concentração de ~20° Bé:

a) excesso de 0 a 5%: O óleo não é neutro; há tendência a formação de emulsão; o controle de processo é difícil havendo tendência de quebra de selagem na centrífuga.  A acidez da matéria graxa da borra é da ordem de 50% ou menos (baixa).

b) excesso de 5 a 15%: O óleo é neutro (acidez menor que 0,07%); a borra apresenta superfície dura e lisa com reação neutra à fenolftaleina.  A acidez da matéria graxa se situa entre 60 e 70%.

c) excesso de 15 a 30%:   A borra apresenta consistência pastosa não completamente fluida reagindo lentamente à fenolftaleina com coloração vermelha. A acidez da matéria graxa se situa próximo a 70%.           

d) excesso de 30 a 50%: A borra apresenta uma consistência bastante fluida reagindo rapidamente à fenolftaleina (vermelho intenso).  A acidez da matéria graxa se situa entre 80 a 90% e o teor de sabões no óleo neutro se apresenta elevado.

e) excesso maior que 50%: Aparece a formação da terceira fase (solução concentrada de eletrólitos).  O teor de sabões no óleo neutro é alto.

No caso de óleos de alta acidez como por exemplo do óleo de algodão ou do milho, é recomendada uma menor temperatura de neutralização, da ordem de 65oC, maior concentração na soda e maior excesso sendo neste caso desnecessário o uso do tanque de contato.

Após a neutralização óleo neutro possui ainda alto conteúdo de sabões que devem ser removidos (400 a 700 ppm de sabões).  Dependendo do conteúdo residual de sabões requerido, um ou dois estágios de lavagem, serão necessários.

Em caso de óleo bruto com cor elevada, como óleo de semente de algodão, o primeiro estágio pode também ser usado como um estágio de pré-refino para clarear o óleo.  Neste caso, um segundo tratamento com lixívia é necessário.

Quando os óleos neutralizados forem diretamente hidrogenados, constatou-se ser particularmente indicado o uso de acidificação (fraca) da água de lavagem, o que permite a remoção quase total do sabão residual (que prejudica o catalisador de hidrogenação).

O óleo neutro tem ainda uma umidade residual (0,5%) após a separação final, que é reduzida no secador à vácuo.
 
Fonte:
RENATO DORSA
EDIÇÃO 2.000

13 comentários:

  1. Bom dia!
    Gostaria de saber porque a borra fermenta logo após o carregamento chegando a derramar do tanque do caminhão

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    1. Bom dia,

      A borra que você se refere é da neutralização? Qual a matéria prima?
      Falando em borra do óleo de soja, nunca presenciamos tal situação. Uma fermentação na borra da neutralização é improvável já que o meio não é favorável, pois ela é alcalina e é mantida em uma temperatura elevada. O que pode acontecer é um aumento de volume por aumento de temperatura se houver. Outra coisa a se investigar é as condições do tanques antes de carregar.

      Vou buscar mais informações e se encontrar alguma coisa que justifique, posta na resposta.

      Obrigado pelo contato.

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    2. Pode ser que você usa o mesmo tanque para armazenar lecitina ela fermenta junto com a borra deixar dois dias já começa a derramar,no meu trabalho já aconteceu isso

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  2. Bom dia!
    Gostaria de saber porque a borra fermenta logo após o carregamento chegando a derramar do tanque do caminhão

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  3. Boa tarde, trabalho em uma industria de oleo vegetal para exportação, especificamente de soja. Os indices de acidez se encontran acima de 1%, a duvida o melhor dito, o que afirman e que a causa e por estar procesando soja ardido.

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  4. Boa tarde pois trabalho com tanque e carreguei borra e fermentou inclusive parei caminhão e estão removendo do chão agora . Também gostaria de saber qual produto posso por dentro pra não fermenta mais

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  5. Boa tarde,

    Estive ausente do blog por algum tempo.

    Respondendo a questão da acidez do óleo:
    Se a soja processada for ardida, provavelmente é a causa da acidez elevada, mas sabemos também que a soja armazenada sofre degradação e eleva a acidez. Soja nova tem acidez em torno de 0,2% já no final do ano a soja apresenta acidez em torno de 1%.

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  6. José Aparecido sobre a fermentação da borra ainda não consegui uma razão para tal. Vi somente uma vez na empresa onde trabalho (no final de 2016). Acredito que possa haver uma reação com algum resíduo no tanque da carreta, pois no tanque de estoque nunca vi acontecer.

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    1. Boa tarde, ocorre sim fermentação em situações onde a soja seja nova pode ocorrer e também se estiverem misturando borra com goma aí sim fermenta e muito.

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    2. Olá. Gostaria de saber pq quando se tem a mistura de oleo degomado mais gordura animal e então adiciona-se ácido fosfórico a acidez após essa mistura não modifica? O ácido eh consumido?

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  7. Sobre a borra. Quais analise é feita no laboratorio fisico quimico . quais padrão de qualidade

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  8. Neutralizaçao ezimatica fale sobre o processo

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